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quinta-feira, 7 de março de 2013

Croniquinha dos dias de chuva


Os dias de chuva têm destas coisas: quando estamos sozinhos parecem-nos infinitamente deprimentes, quando os partilhamos com alguém parecem a coisa mais romântica do mundo. Talvez sejam mesmo a coisa mais romântica do mundo. Partilhar os dias de chuva não é algo que se faça de ânimo leve. É preciso coragem, dedicação, paciência, carinho, ternura. Tudo isto em doses industriais. Nunca em pequenas quantidades. Atravessar tempestades – juntos – não é para todos. Deveria ser, mas não é. Ainda me lembro desses dias em que a chuva fazia sentido. Hoje, nem por isso. Hoje estou para aqui sozinho a recordar. Acho que acordei sem cor – como o tempo. Faltam-me os abraços, os sorrisos, o calor. Há lá coisa mais romântica que os dias de chuva partilhados com alguém que se ama? Há lá silêncio mais reconfortante que o dos olhares partilhados ao ritmo de cada pingo? Adoro e odeio estes dias de chuva. Adoro e odeio quando recordo outros dias de chuva. Talvez por isso esteja para aqui a sorrir estupidamente enquanto vou sentindo uma dor fininha no peito. Os dias de chuva têm destas coisas. Hoje, são dias confusos. São dias de tempestades interiores. O que vale é que depois da tempestade costuma vir a bonança. Quem me garante que amanhã não será um dia de sol?

PedRodrigues

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