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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Porto - Coimbra


12:57

Bom dia meu amor. Como estás? Tenho saudades tuas. Adoro-te

12:59

Bom dia pequenina. Sonhei novamente contigo. Daqui deste lado as saudades também apertam. Estou bem, mas estaria infinitamente melhor se acordasse contigo ao meu lado. Adoro-te

13:04

Sonhaste novamente comigo? Conta-me.

13:10

Lembras-te das fotos que te mostrei daquele sítio no sul de França? Sonhei que nos tínhamos mudado para lá. Só eu e tu e as águas cristalinas e o os sons de um mundo certo para nós. Sonhei com uma casa e um alpendre com vista para uma marina. Os teus cabelos balançavam levemente com a brisa. Beijaste-me. Eu saboreei o teu beijo. Sentei-te no meu colo enquanto terminava uma frase – não me lembro da frase, só me lembro que queria à força que aquele sonho fosse real.

13:13

Que bonito amor. Adorava mudar-me para o sul de França contigo. Tenho tantas saudades dos teus beijos, dos teus abraços, das nossas conversas de cabeceira, das tuas piadas parvas nos momentos mais inoportunos. Tenho saudades tuas. Muitas, mesmo.

13:15

A distância é uma merda. Uma merda mesmo. Fecho os olhos sempre na esperança que ao voltar a abri-los ela já tenha diminuído ou desaparecido, mas ela continua lá.

13:17

Detesto a distância. Detesto estar longe de ti. Detesto!

13:20

Calma amor. Já falta pouco para voltarmos a estar juntos.

13:25

Esse pouco parece demorar tanto... Tenho de ir almoçar, amor. Beijinho

13:27

Beijinho meu amor! Bom almoço!

14:02

Já almocei. Que fazes?

14:03

Tento escrever.

14:05

Continuas bloqueado?

14:09

Continuo. Não sei que se passa comigo: sempre que me sento para escrever sinto-me vazio. Escrevo um pouco, depois apago, recomeço, apago. Não sei que se passa. Tenho medo de ter perdido o dom. Juro-te que tenho medo. Sinto-me um inválido em termos criativos. Nada. Zero. Nem a ponta de um corno. As palavras parecem fugir de mim a sete pés. Não sei que faça para desbloquear...

14:11

Eu sei o que te falta...

14:12

Tu.

14:15

Exactamente. Falta-te a tua musa.

14:18

Pois falta. Mesmo sabendo que a tenho – ou melhor: que te tenho. Mesmo conhecendo cada contorno do teu corpo. Mesmo sabendo todos os teus tiques e reacções. Fazes-me falta. Fazes-me muita falta.

14:24

Não penses que sou só eu que te faço falta a ti. Tu também me fazes muita falta a mim. E eu não tenho a capacidade que tu tens para te expressares. Às vezes acho que não te consigo demonstrar tudo aquilo que sinto por estar tão longe. Por não ter o dom da palavra. Tenho medo que não entendas e te deixes perder.

14:29

Só há uma forma de me perder: em ti. Eu sei que gostas de mim e sei como gostas de mim. As palavras escondem sentimentos e isso não depende da forma -  mais ou menos complexa - como são escritas. Não precisamos de escrever grandes obras literárias para que entendam o que sentimos. O amor também está nas coisas simples. E eu adoro a forma simples como as tuas palavras me vão mostrando o quanto gostas de mim.

14:33

Estúpido. Oh, fizeste-me corar.

14:34

Adoro

14:35

Te

14:37

E eu a ti, meu amor.

14:40

Vou estudar, amor. Vais sair?

14:42

Vou até à praia e depois volto à minha luta.

18:53

Amor?

18:54

Sim

18:57

Como correu essa luta? Venceste?

19:00

Acho que ganhei o primeiro assalto. Vamos lá ver se isto continua.

19:02

Claro que sim! Entretanto podes dar-me beijinhos?

19:03

Quantos queres?

19:04

Muitos.

19:05

Infinitos beijinhos, namorada.

21:03

Estou mesmo a morrer de saudades tuas. Fazes-me tanta falta.

21:18

O espaço que nos separa é proporcional ao amor que nos une. Às vezes acordo de noite e vejo que não estás. Fecho os olhos e tento abraçar o vazio ao meu lado. Sinto um arrepio miudinho na barriga porque sei que não estás. Mesmo que imagine com muita força, ou peça com muita força, tu não estarás. Sei que desse lado tu fazes o mesmo, e isso reconforta-me um pouco. Partilhamo-nos à distância e namoramos à distância, mas o nosso amor não diminui. Somos o reflexo um do outro. Existiremos enquanto plural porque os reflexos não existem por si só. Espero, ansioso, pelo dia em que esta distância que nos separa seja apenas uma recordação. Já falta pouco, eu sei e tu também sabes. Compensamos depois o tempo perdido. Temos o resto das nossas vidas para o fazer.

21:19

Adoro-te!

00:17

Amor vou dormir.

00:19

Vou escrever mais um pouco e depois vou ver um filme para adormecer.

00:20

Abraça-me

00:21

Sempre.


PedRodrigues

4 comentários:

  1. Simplesmente maravilhoso...

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  2. Gostei do que li. Talvez pela passagem por isso mesmo, pelas mensagens trocadas numa distância que quis muito recuperar cá à frente. Palavras que perduram no sempre. Nessa distância que se fez maior e que hoje não foi o que imaginamos mas que vezes sem conta escrevi com esse amor maior que se sente na distância de dois corações que se amam...

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  3. reencontrei-me neste texto, ta lindo

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  4. perfeito! Senti cada palavra como se as tivesse sido eu a escrever: oh como poderia ter sido eu a escrevê-las...
    Parabéns! Estou a ler o livro e estou a adorar! Continua

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