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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Ela [que parecia perdida, a olhar o mar, no outro dia]

Então resolveu deixar para trás o peso morto das lágrimas antigas. Para quê transportar no bolso um amor condenado? Lavou a cara e olhou-se ao espelho. És demasiado nova para acreditar em fantasmas, pensou. Tudo dura até cair no esquecimento. Até a dor. Apagou o número, fez-lhe o luto. Debaixo de sete palmos de entulho amoroso não consegues respirar. E eu tenho uma vida pela frente. Vivemos entre as ilhas e foste apenas uma paragem. É tempo de continuar. Deixar-te-ei para trás, como um sítio bonito que visitei. Não te vou guardar rancor; não te vou desdizer; não te vou usar como um monstro. Ficar-te-ás no passado, onde pertences. Não te usarei no futuro, e o presente é meu para fazer com ele o que me apetecer. Eventualmente tudo acaba por chegar. Para quê ter pressa em procurar? 


PedRodrigues

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