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quarta-feira, 26 de julho de 2017

Sem título, a caneta

Não tinha onde te escrever, 
a não ser
               nos limites destas páginas
a tinta permanente
A vida é uma máquina de fazer
passados. Avançamos por ela
como pilotos de carros de corrida,
fugindo ao tempo; a vida é mesmo 
assim e ninguém consegue parar
as imagens que se tornam borrões
de luz fina à nossa passagem

Não tinha como travar o avanço
do tempo; a pele estava a desfazer-se
em memórias de antigas carícias 
                                                  de amor
Sei lá eu o infortúnio das primeiras
chuvas; na água tudo se dissolve
até a tua imagem.
Não serei para sempre 
o tempo dos teus beijos

A vida encarregar-se-á de te fazer
passado. Não tenho braços que 
te façam minha para sempre - ou depois.

Serás memória, mesmo antes 
de me aperceber se foste minha
ao mesmo tempo que fui teu
Amor, meu amor.

Escrevi-te a tinta permanente 
só no caso do tempo se esquecer
que tudo o que é eterno 
não tem pressa de ser.



PedRodrigues

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